"não mãe, o meu blog não tem cenas terroristas, nem fotos minhas em bikini..."


A reportagem transmitida na Quinta-Feira pela SIC sobre "os perigos da internet" é um dos momentos televisivos mais hilariantes dos últimos tempos. Para quem não viu - erro que rapidamente deve corrigir aqui, via 5 Dias -, Moita Flores faz o favor de alertar os portugueses, nos tons apocalípticos de quem comenta a internet com a mesma seriedade com que "analisa" o desaparecimento de uma menina inglesa, que os blogues são o espaço onde se trafica armas, organizam terroristas e se organiza o branqueamento de capitais...
Depois de desfilar mais um sem número de lugares comuns, como o de uma disparatada noção de
invasão da privacidade e de uma leitura mais que enviesada do caso Cicarelli, o jornalista que introduz a peça avisa-nos que um computador portátil é tudo quanto precisamos para começarmos a contar mentiras ao mundo todo. Ora, ora. Nem é preciso tanto. Basta esperar um minutinho e continuar ligado na SIC. Como o sentido da reportagem, e do debate que se lhe seguiu, é que um dos principais “perigos da internet” é o vazio legal que permite a impunidade da calúnia, a SIC garante que António Baldino Caldeira, o autor do blogue Portugal Profundo, nunca chegou a ser julgado por ter posto em causa as credenciais académicas do primeiro-ministro que elegeu como um “alvo".
Se o jornalista tivesse feito o seu trabalho, e não andasse à procura de casos que confirmassem a sua tese a martelo, teria percebido que António Baldino Caldeira “nunca chegou a ser julgado” porque a procuradora do MP resolveu arquivar a acusação feita por José Sócrates, entendendo que
não havia «indícios de crime» nos dois textos publicados por António Caldeira. É verdade que o jornalista apresenta a reportagem com um portátil na mão. Se calhar até é capaz de ter alguma razão...
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