Maomé e as Pussy Riot




Pedro Picoito, no post "Maomé e as Pussy Riot":

"Dá que pensar o nosso desigual acolhimento à  performance das Pussy Riot numa igreja de Moscovo e ao filme americano sobre Maomé que incendiou a rua islâmica. A primeira é um acto de liberdade e uma obra de arte, o segundo é irresponsável e kitsch. Curiosamente, ninguém notou que o protesto anti-Putin num local de culto poderia ser tão ofensivo para os ortodoxos como a sátira do Profeta para os muçulmanos. Curiosamente, ninguém se incomodou com a mistura entre política e religião das punks russas (que seria criticado por todos, e bem, se viesse de D. Januário ou do Arcebispo de Westminster). O que mostra como o “desencantamento do mundo”, assim lhe chamou Max Weber, nasce também do Romantismo: já não nos choca a profanação de um espaço sagrado e, mais do que isso, a arte ocupou o lugar da religião. Ora, tirando o puro medo que se lê nas entrelinhas (Hillary Clinton, por exemplo), a que se deve esta duplicidade de critérios? E como não cair em tal duplicidade, que atenta contra a igualdade de todos os cidadãos?"